Johannes Gutenberg criou uma revolução há quase 600 anos. Com a invenção da prensa de tipos metálicos móveis, na década de 1450, esse ferreiro e editor alemão tornou os textos na Europa mais acessíveis.
Muito antes, livros como o Diamond Sutra, a mais antiga obra impressa conhecida, cuja cópia mais antiga remonta ao ano de 868, foram produzidos na China e na Coréia com impressoras feitas primeiro em madeira e depois em bronze.
Mas a invenção de Gutenberg era diferente. Com ela, foi possível imprimir muitas cópias do mesmo texto rapidamente. E o livro que Gutenberg escolheu para iniciar sua produção em série foi a Bíblia.
Conheça a seguir quatro fatos surpreendentes e curiosos sobre a chamada Bíblia de Gutenberg:
Partes do texto eram usadas nas igrejas todos os dias, mas não na ordem em que aparecem na Bíblia de Gutenberg, observa a Biblioteca Britânica no site especial dedicado ao famoso livro.
"Talvez Gutenberg tenha percebido que, para um projeto de impressão em larga escala ter sucesso comercial, ele precisava apontar para um mercado mais amplo com potencial de vendas em toda a Europa Ocidental", diz a Biblioteca, que mantém dois exemplares completos da Bíblia.
Acredita-se que a Bíblia de Gutenberg foi concluída no ano de 1455 e se tornou o primeiro grande livro feito na Europa com uma prensa de tipos metálicos móveis.
Todas as cópias da Bíblia de Gutenberg foram vendidas antes mesmo da conclusão da sua impressão, observa a Biblioteca Britânica.
Gutenberg não ganhou dinheiro com sua invenção, mas seu método tinha grande potencial comercial e se tornou a base para o sucesso de muitas impressoras e editoras subsequentes.
Após 50 anos, os livros impressos haviam se espalhado pelas rotas comerciais da Europa Ocidental. Embora não tenham ficado baratos imediatamente, seus preços logo começaram a cair.
No ano 1500, o acesso aos textos impressos havia mudado profundamente, resultando em mais acesso à informação, discussão e críticas generalizadas às autoridades.
De fato, a Reforma Protestante, o movimento religioso cristão iniciado na Alemanha no século 16 por Martinho Lutero e que causou a divisão da Igreja Católica, foi iniciado em parte graças à prensa, pela rápida distribuição da doutrina do protestantismo com o documento conhecido como As Noventa e Cinco Teses de Wittenberg.
A Europa e o mundo teriam sido muito diferentes sem a invenção de Gutenberg, analisa a Biblioteca Britânica.
E, na época de sua criação, era um resultado bonito o suficiente para rivalizar com a caligrafia dos monges.
A escrita, produzida a partir de uma tradução latina conhecida como "Vulgata", feita por São Jerônimo no século 4, era feita com uma tinta preta nítida em dois densos blocos de texto. Letras maiúsculas e títulos eram decoradas à mão com um toque de tinta vermelha.
Cada uma das 1.282 páginas possui 42 linhas. A maioria das Bíblias estava encadernada em pele de porco branca e dividida em vários volumes.
Antes disso, os livros europeus eram escritos em um tipo de pergaminho de superfície polida que tinha como características de ser fino e durável, feito com pele de bezerros.
Estima-se que a prensa de Gutenberg tenha criado 180 cópias da Bíblia: 135 em papel e 45 em pergaminho.
Segundo a Biblioteca Britânica, atualmente existem 48 cópias da Bíblia de Gutenberg, embora nem todas estejam completas - algumas são apenas fragmentos.
A cópia em exposição na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é um exemplar completo em pergaminho e uma das três cópias perfeitas feitas neste material no mundo.
Os outros estão na Bibliothèque Nationale, em Paris, e na Biblioteca Britânica, em Londres.