Carlota Joaquina de Bourbon nasceu no palácio Real de Aranjuez, Espanha, no dia 25 de abril de 1775. Era filha do rei Carlos IV e de D. Maria Luísa de Parma, na época, príncipes das Astúrias e futuros reis da Espanha de 1788 a 1808. Era irmã do príncipe Fernando, futuro Fernando VI da Espanha. Era neta do rei Carlos III da Espanha.
Após dois anos de negociações, no dia 8 de maio de 1785, foi assinado o contrato do casamento de Carlota com o Duque de Beija, o futuro rei Dom João VI de Portugal, para selar a amizade entre os reis de Portugal, Dom Pedro III e Dona Maria I com o rei da Espanha, Carlos III.
Com apenas 10 anos de idade a infanta da Espanha chegou à corte de Portugal e o casamento foi realizado no dia 9 de junho de 1785. Logo, Carlota revelou seu temperamento difícil. Não fazia nada do que lhe mandavam, recusava-se vestir, era mal educada e preguiçosa, sendo apenas tolerada por sua tia D. Mariana.
Com o casamento consumado aos quinze anos o casal se mostrou aparentemente feliz e tiveram nove filhos. Depois viveram separados. Enquanto D. Carlota vivia no palácio de Queluz com os filhos, Dom João vivia no palácio de Mafra.
Carlota Joaquina, fiel a origem espanhola, mantinha-se favorável aos interesses da Espanha e procurava conspirar contra o trono de Portugal. Em 1799, com o fim da Revolução Francesa que ameaçava as cortes europeias, Dom João resolveu receber o título de Príncipe Regente.
A maquiavélica sede de poder de D. Carlota teve origem ainda em 1799, quando D. João se recusou integrá-la no conselho de regência do reino. De temperamento difícil, Carlota teve muitos conflitos com seu marido e com as autoridades portuguesas.
O Príncipe se viu ameaçado por Carlota Joaquina, que tentou assumir a regência, e acusava Dom João de incompetente. Escreveu a seu pai: "O príncipe cada dia piora da cabeça", "ampare seus netos que não têm pai capaz de cuidar deles".
Em 1801, Napoleão Bonaparte reabriu a luta com a Inglaterra, e buscando aliados no continente, convenceu a Espanha a atacar Portugal tentando quebrar a aliança luso-inglesa.
Em 1805, Carlota organizou uma conspiração ao se unir aos fidalgos para derrubar o regente. Descoberta a conspiração, o casal se separou passando a viver em palácios separados.
D. Carlota Joaquina tentou por todos os meios evitar a partida para o Brasil, mas durante dois meses teve que enfrentar o desconforto de um navio repleto de gente, onde escasseavam comida e água, além de enfrentar uma violenta tempestade que separou a esquadra.
No dia 7 de março de 1808, chegaram ao Rio de Janeiro. Dom João, Carlota Joaquina e os filhos se instalam no palácio dos vice-reis, cujo pessoal foi desalojado.
A princesa não estava nada satisfeita por ter que se afastar da Europa. Ela amaldiçoava a cidade e externava publicamente sua antipatia e seu desprezo pela população local. Exigia que o povo se ajoelhasse quando da sua passagem.
D. João procurava mantê-la afastada dos negócios o que a contrariava ainda mais. No dia 19 de agosto de 1808, Dona Carlota entregou a Dom João um documento que nominou de "Justa Reclamacion", no qual apelava uma aliança com os vassalos do rei da Espanha existentes na América. Além disso, escreveu aos administradores de Buenos Aires e Montevidéu.
Carlota Joaquina pretendia, como representante da família real, viajar para Buenos Aires e assumir a regência do trono espanhol no exílio. Mas seu plano fracassou com a independência das Províncias Unidas do Rio da Prata (mais tarde, Argentina).
Livres da França, os portugueses esperavam a volta do rei, no entanto, D. João não falava em voltar nem em revogar os decretos que equiparavam o Brasil a Portugal.
A rainha, Dona Carlota, insistia no retorno imediato da corte. No dia 26 de fevereiro de 1821, as tropas portuguesas dos quartéis do Rio de Janeiro se amotinaram e intimaram o rei a jurar a Constituição que ia ser redigida em Lisboa e a regressar imediatamente para a pátria.
Em Portugal, D. Carlota recusou-se a assinar a Constituição. As penas previstas para a rainha foram bastante severas: perda da cidadania, de todas as prerrogativas de rainha, só lhe foi permitido escolher o local de exílio. Dom João VI promulgou o decreto que lhe retirou todos os privilégios, como rainha e cidadã, exilando-a, mas por motivos de saúde, deixou que ela se desloque para a Quinta do Ramalhão.
Confinada na quinta do Ramalhão, conspirou para a volta do absolutismo. Com a morte do marido em 10 de março de 1826, ela levou o filho Dom Miguel I a se apoderar da coroa, que lhe seria tirada posteriormente por Dom Pedro I do Brasil. (Dom Pedro IV de Portugal).
Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 7 de janeiro de 1830.
CRÉDITO: Ebiografia