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CARLOTA JOAQUINA EM BIOGRAFIA

Carlota Joaquina (1775-1830) foi infanta da Espanha, rainha consorte de Portugal e imperatriz honorária do Brasil. Esposa de Dom João, filho da rainha D. Maria I de Portugal e do rei consorte Dom Pedro III, foi obrigada a viver no Brasil, depois que a Península Ibérica foi invadida pelas tropas de Napoleão.

Carlota Joaquina de Bourbon nasceu no palácio Real de Aranjuez, Espanha, no dia 25 de abril de 1775. Era filha do rei Carlos IV e de D. Maria Luísa de Parma, na época, príncipes das Astúrias e futuros reis da Espanha de 1788 a 1808. Era irmã do príncipe Fernando, futuro Fernando VI da Espanha. Era neta do rei Carlos III da Espanha.

 


Casamento
Em 1783, em nome da corte portuguesa, foi enviado à corte da Espanha, o conde de Louriçal para pedir a mão da princesa Carlota Joaquina. De imediato, como revelou em cartas particulares, o conde mostrou antipatia pela jovem Carlota.

 

Após dois anos de negociações, no dia 8 de maio de 1785, foi assinado o contrato do casamento de Carlota com o Duque de Beija, o futuro rei Dom João VI de Portugal, para selar a amizade entre os reis de Portugal, Dom Pedro III e Dona Maria I com o rei da Espanha, Carlos III.

Com apenas 10 anos de idade a infanta da Espanha chegou à corte de Portugal e o casamento foi realizado no dia 9 de junho de 1785. Logo, Carlota revelou seu temperamento difícil. Não fazia nada do que lhe mandavam, recusava-se vestir, era mal educada e preguiçosa, sendo apenas tolerada por sua tia D. Mariana.

Com o casamento consumado aos quinze anos o casal se mostrou aparentemente feliz e tiveram nove filhos. Depois viveram separados. Enquanto D. Carlota vivia no palácio de Queluz com os filhos, Dom João vivia no palácio de Mafra.

 


Filhos de D. João VI e Carlota Joaquina:

 

 

Maria Teresa (1793-1874) foi casada com Carlos, o conde de Molina de 1837 a 1855 e depois com Pedro de Bourbon de 1810 a 1812.
Francisco Antônio (1795-1801) faleceu ainda criança
Maria Isabel (1797-1818) foi rainha consorte da Espanha pelo casamento com o rei Fernando VII
Pedro de Alcântara (1798-1834) foi imperador do Brasil, como Dom Pedro I e rei de Portugal como Pedro IV
Maria Francisca (1800-1834) foi casada com Carlos, o conde de Molina de1816 a1834
Isabel Maria (1801-1876) foi regente de Portugal após a morte de D. João VI e a tomada do poder por D. Miguel
Miguel (1802-1866) foi rei de Portugal entre 1828 e 1834
Maria da Assunção (1805-1834) foi Grã-Cruz da ordem de Nossa Senhora da Conceição e dama da Ordem de Santa Isabel
Ana de Jesus (1806-1857) foi casada com o 2º Marquês de Loulé, depois Duque de Loulé, o general Nuno José de Mendonça
A sede de poder de D. Carlota
Vários acontecimentos na corte portuguesa mudaram a vida do casal: em 1786, morreu o rei consorte Dom Pedro III, em 1788, morreu o herdeiro Dom José. Depois de perdas repentinas a rainha Dona Maria I foi acometida de crises nervosas.

 

 


Em 1792, Dom João teve que assumir o governo, mas esperando a cura da mãe, recusou-se a receber o título de Príncipe Regente.

 

Carlota Joaquina, fiel a origem espanhola, mantinha-se favorável aos interesses da Espanha e procurava conspirar contra o trono de Portugal. Em 1799, com o fim da Revolução Francesa que ameaçava as cortes europeias, Dom João resolveu receber o título de Príncipe Regente.

A maquiavélica sede de poder de D. Carlota teve origem ainda em 1799, quando D. João se recusou integrá-la no conselho de regência do reino. De temperamento difícil, Carlota teve muitos conflitos com seu marido e com as autoridades portuguesas.

O Príncipe se viu ameaçado por Carlota Joaquina, que tentou assumir a regência, e acusava Dom João de incompetente. Escreveu a seu pai: "O príncipe cada dia piora da cabeça", "ampare seus netos que não têm pai capaz de cuidar deles".

Em 1801, Napoleão Bonaparte reabriu a luta com a Inglaterra, e buscando aliados no continente, convenceu a Espanha a atacar Portugal tentando quebrar a aliança luso-inglesa.

Em 1805, Carlota organizou uma conspiração ao se unir aos fidalgos para derrubar o regente. Descoberta a conspiração, o casal se separou passando a viver em palácios separados.

 


A partida para o Brasil
Envolvido no tumulto da política europeia e ameaçado diante das investidas de Napoleão Bonaparte, que iniciara uma marcha contra Lisboa, a família Real, junto a uma enorme comitiva, embarca em direção ao Brasil no dia 29 de novembro de 1807.

 

D. Carlota Joaquina tentou por todos os meios evitar a partida para o Brasil, mas durante dois meses teve que enfrentar o desconforto de um navio repleto de gente, onde escasseavam comida e água, além de enfrentar uma violenta tempestade que separou a esquadra.

No dia 7 de março de 1808, chegaram ao Rio de Janeiro. Dom João, Carlota Joaquina e os filhos se instalam no palácio dos vice-reis, cujo pessoal foi desalojado.

A princesa não estava nada satisfeita por ter que se afastar da Europa. Ela amaldiçoava a cidade e externava publicamente sua antipatia e seu desprezo pela população local. Exigia que o povo se ajoelhasse quando da sua passagem.

D. João procurava mantê-la afastada dos negócios o que a contrariava ainda mais. No dia 19 de agosto de 1808, Dona Carlota entregou a Dom João um documento que nominou de "Justa Reclamacion", no qual apelava uma aliança com os vassalos do rei da Espanha existentes na América. Além disso, escreveu aos administradores de Buenos Aires e Montevidéu.

Carlota Joaquina pretendia, como representante da família real, viajar para Buenos Aires e assumir a regência do trono espanhol no exílio. Mas seu plano fracassou com a independência das Províncias Unidas do Rio da Prata (mais tarde, Argentina).

 


Rainha de Portugal, Brasil e Algarve
No dia 6 de fevereiro de 1818, depois de dois anos da morte de Dona Maria I de Portugal, Dom João foi aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarve, como D. João VI.

 

Livres da França, os portugueses esperavam a volta do rei, no entanto, D. João não falava em voltar nem em revogar os decretos que equiparavam o Brasil a Portugal.

A rainha, Dona Carlota, insistia no retorno imediato da corte. No dia 26 de fevereiro de 1821, as tropas portuguesas dos quartéis do Rio de Janeiro se amotinaram e intimaram o rei a jurar a Constituição que ia ser redigida em Lisboa e a regressar imediatamente para a pátria.

 


O Retorno a Portugal
No dia 26 de abril de 1821, a família partiu para Portugal. Ao desembarcar em Lisboa, Dona Carlota Joaquina tira os sapatos e raspa-os nas pedras do cais. Aos representantes da corte que foram recebê-los, ela explica o ato: "Nem nos sapatos quero como lembrança a terra do maldito Brasil".

 

Em Portugal, D. Carlota recusou-se a assinar a Constituição. As penas previstas para a rainha foram bastante severas: perda da cidadania, de todas as prerrogativas de rainha, só lhe foi permitido escolher o local de exílio. Dom João VI promulgou o decreto que lhe retirou todos os privilégios, como rainha e cidadã, exilando-a, mas por motivos de saúde, deixou que ela se desloque para a Quinta do Ramalhão.

Confinada na quinta do Ramalhão, conspirou para a volta do absolutismo. Com a morte do marido em 10 de março de 1826, ela levou o filho Dom Miguel I a se apoderar da coroa, que lhe seria tirada posteriormente por Dom Pedro I do Brasil. (Dom Pedro IV de Portugal).

Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 7 de janeiro de 1830.

 

 

CRÉDITO: Ebiografia